O Câmpus Regional do Noroeste (CRN) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), localizado em Diamante do Norte, a 160 quilômetros de Maringá, foi sede do lançamento de mais uma variedade de mandioca, a BRS 429, desenvolvida por meio de pesquisa conjunta com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), nesta terça-feira (7). As instituições são parcerias há 13 anos.
O lançamento é parte da estratégia de diversificação de variedades para atender aos anseios do setor produtivo do Centro-Sul do País, principalmente Paraná e São Paulo. É a primeira variedade de mesa da Embrapa recomendada para o estado paulista. Já os mandiocultores paranaenses contam, desde 2015, com as variedades BRS 396 e BRS 399, dentro da mesma parceria.
A produtividade média da BRS 429 no Paraná é 25% superior em relação às variedades tradicionais e, no estado de São Paulo, a superioridade alcançou 53,9%. A raiz apresenta formato mais cilíndrica, longa e uniforme, o que confere um aproveitamento comercial maior (no Paraná, 10,5% superior à média dos padrões e, em São Paulo, 4,3% superior). Outras características são porte ereto da planta (adequado ao plantio mecanizado), precocidade (podendo ser colhida aos oito meses) e resistência às principais doenças que atingem as regiões (bacteriose e super alongamento).
A mandioca também apresenta polpa de coloração amarela intensa, bom tempo de cozimento (média de 20 minutos), textura farinácea, adequada tanto para o consumo mais usual (cozida e frita) como também para a obtenção de massa de boa qualidade, e com um sabor superior ao da mandioca convencional.
Para o vice-reitor da UEM, Ricardo Dias da Silva, o lançamento da nova cultivar significa muito para Diamante do Norte. “Um dos pilares da instituição é o desenvolvimento regional e a universidade tem um papel importante na transformação do Estado, desenvolvendo novos conhecimentos, pesquisas, estudos, projetos de extensão e formando profissionais”, afirmou.
A diretora do CRN da UEM, Alciony Andréia da Cunha Alexandre, ressaltou a terceira variedade de mandioca de mesa cultivada no Paraná pela Embrapa em parceria com o câmpus. “Os agricultores familiares vão multiplicar esse produto rural para a mesa dos consumidores. Sem a contribuição e participação de agricultores, da equipe de pesquisadores, técnicos, professores e servidores do CRN não seria possível ter esse sucesso nessa pesquisa rural”, disse.
O chefe adjunto do setor de Gestão de Transferência e Tecnologia da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Helton Fleck da Silveira, disse que a BRS 429 é excelente para toda a região. “Superamos resiliências, etapas difíceis, muita dedicação e o resultado requer comemoração”, afirmou.
“Com pesquisa e parceria técnica, chegamos até essa ramificação de boa altura e de qualidade na mesa para o consumidor”, completou o pesquisador Eduardo Alano Vieira, da Embrapa Cerrados.
CONVÊNIO – O convênio entre Embrapa e UEM iniciou em 2009 e foi renovado no ano passado justamente para melhoria e desenvolvimento genético da mandioca, importante alimento na mesa dos brasileiros. Esse trabalho começou a ser desenvolvido numa pequena área experimental de 12 mil metros quadrados. Os estudos tiveram participação do Centro Estadual de Educação Profissional do Noroeste, da Prefeitura de Diamante do Norte, do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater) e de produtores parceiros.
Por meio da parceria já foram selecionadas e lançadas as variedades BRS 396 e BRS 399. “Elas também se caracterizam por ter polpa amarela e teores bem mais altos de carotenoides, que contribuem para a síntese de vitamina A no corpo. São variedades muito produtivas, adaptadas, resistentes às principais doenças, com sabor superior e aptas ao preparo de outros pratos, como bolos, salgados, chips, escondidinhos, nhoques, entre outros”, disse o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Marco Antonio Sedrez Rangel.
MANDIOCA – A mandioca é cultivada em todo o território nacional, onde são produzidas quase 18 milhões de toneladas, sendo 87% pela agricultura familiar, constituindo importante fonte de renda para milhares de pessoas. Na safra 2019/2020 foram cultivados 600 hectares no Paraná, com envolvimento de 40 famílias. A produtividade média das lavouras chegou a 18 ton/ha.